Nosso coração
Quando, há mais de cinco anos, começamos com o Cão Engarrafado, não sabíamos direito para onde iríamos. Sabíamos, por exemplo, que provaríamos muitos whiskies. Suspeitávamos que nossa paixão por drinks e cervejas também encontraria uma forma de participar deste espaço virtual. Mas jamais pensamos que chegaríamos ao ponto de, por exemplo, julgar um campeonato de coquetelaria, ou viajar para o outro lado do mundo apenas para provar, em primeira língua, dois novos e maravilhosos whiskies de certa marca de luxo.
Alguns caminhos pareciam naturais. Incorporar receitas e abordar os universos tangentes àquele do whisky, por exemplo. Outros exigiram uma certa apneia. Desenvolver cursos e degustações, por exemplo, e sair do ambiente virtual para o palpável. Mas, de todos estes, de longe, o que mais exigiu fôlego, temeridade e quiçá uma boa quantidade de imprudência é este que vos apresento. Um bar totalmente voltado para a cultura do whisky em São Paulo. O Caledonia Whisky & Co.
Se pudesse resumir, de uma forma bem simples, sobre a essência do Caledonia, seria esta: Ele é o Cão Engarrafado materializado. É um bar em que o vedete é o whisky – escocês, japonês, americano, irlandês ou de qualquer parte do mundo. Mas que também abraça tudo aquilo de bom que se relaciona à bebida.
Nosso coração
King James, um de nossos autorais.
Há coquetéis autorais (como o delicioso King James e o lúdico Volstead), clássicos clássicos (manhattan) e clássicos obscuros (BeelzeBob), com e sem whisky. Há cervejas incríveis, dentre elas, uma Imperial Stout criada pela Cervejaria Dádiva, e maturada em barris de carvalho, somente para nós. E pratos. Pratos que são ora britânicos, ora brasileiros, como o querido Scotch Egg (o nosso bolovo), hambúrgueres americanos com um toque inglês, e pratos essencialmente ingleses.
Na carta do Caledonia, há algo como cento e trinta whiskies. Reunimos quase tudo que há disponivel oficialmente no Brasil – dos blends standard, como Passport, Bells e Teacher’s, até single malts super exclusivos, como o Macallan Reflexion – uma das pouco mais de dez garrafas que desembarcaram por aqui. As doses são de 25ml, para permitir que o cliente prove uma boa variedade de whiskies diferentes sem machucar fígado ou bolso, mas há também doses duplas, de 50ml. Réguas de degustação temáticas – de escolhas sérias como o Speyside Trio, até uns mais descontraídos, como os preferidos deste Cão que vos escreve.
Já nossa carta de coquetéis – que não poderia faltar – foi criada por Rodolfo Bob, bartender premiado, vencedor do Patrón Perfeccionists. Ela conta a história do whisky em cinco drinks. Da migração dos monges da península ibérica até a Escócia, passando pela Irlanda, até os tempos atuais, com a retomada da coquetelaria e o consumo dos single malts. Sem olvidar de períodos importantes da história, como a Lei Seca (Volstead) e o começo da destilação nos Estados Unidos (Mount Vernon). Há também uma boa quantidade de clássicos incontornáveis, como o Penicillin, Manhattan, Maker’s Mark Old Fashioned e New York Sour. E uma carta periódica de obscuros, que hoje conta com o incrível e – de sugestivo nome – BeelzeBob, uma singela homenagem ao pai de nossa carta.
King James, um de nossos autorais.
Sala de aula
E o Caledonia não é apenas um bar. É loja também. Por exemplo – se você experimentou um belo Glenlivet Code como dose no salão, terá desconto para levar uma garrafa pra casa. A preço de empório mesmo, não de bar. Há alguns produtos bem exclusivos, como a linha dos single malts da Arran, e um certo gim japonês com alma de whisky, o Roku Gin, que acabou de desembarcar no brasil pelas mãos da Beam Suntory.
E, claro, não poderíamos esquecer daquilo que mais nos incentivou a ter um espaço próprio. A parte educacional. Nossos eventos agora possuem um ambiente dedicado e fixo. Há um andar de salão conversível em sala de aula. Periodicamente, promoveremos degustações e cursos por lá. O espaço também poderá funcionar como uma sala privada, para eventos de marcas e empresas.
Temos uma ótima equipe, e estamos bem animados com o Caledonia. E um tanto apreensivos também. Ter um espaço e cuidar de pessoas não é algo trivial. Mas, pensando aqui, depois de tantos parágrafos, talvez tenha sido a mais natural das consequências do Cão Engarrafado. A gente não sabia, mas era tudo uma questão de tempo.
Sala de aula